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Economia

Para enfrentar a crise hídrica, consumidores e empresas apelam para produção de energia

Fabricantes têm alta de até 70% nas vendas de geradores e painéis solares, reforçam estoques e esperam uma temporada prolongada de faturamento mais elevado.

Fabricantes de geradores estão com vendas aquecidas. (Foto: Divulgação Newsletters)

O medo do brasileiro de enfrentar falta de energia e o aumento da conta de luz fizeram com que a demanda por geradores de eletricidade e painéis solares disparasse. Estes equipamentos funcionam como uma espécie de plano B de empresas e consumidores para lidar com a mais grave crise hídrica dos últimos 91 anos.

As fabricantes já registram alta de até 70% nas vendas, reforçam estoques e esperam uma temporada prolongada de faturamento mais elevado.

Na semana passada, o governo anunciou a criação da bandeira tarifária de Escassez Hídrica, uma sobretaxa de R$ 14,20 a cada cem quilowatts-hora consumidos que será aplicada na conta de luz até abril do ano que vem. O valor cobrado representa aumento de quase 50% em relação à bandeira vermelha nível 2, até então em vigor.

Com a perspectiva de uma crise hídrica prolongada, o próprio ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirma que esse cenário não se encerra no fim do ano.

No mercado de geradores movidos à combustão, a Toyama teve alta de 70% nas vendas nas linhas de produtos. Fernando Quiroga Nunes, gerente comercial da empresa, diz que a procura é maior pelos de média potência, usados em casas, comércio, agronegócio e pequenas indústrias:

— Com a crise hídrica e o risco de falta de energia, percebemos aumento significativo na procura por geradores por distribuidores e consumidores finais. Reforçamos os nossos estoques esperando atender toda a demanda.

Na DCML, um dos principais distribuidores, a alta foi de 15% a 20% em relação ao ano passado. Daniel Viol, gerente da área de Geradores, diz que há expectativa de aumento de 30% dos estoques para atender a demanda não programada de clientes que precisam de gerador de pronta entrega:

— Há preocupação quanto a uma possível falta de energia. O que mais preocupa é o custo, especialmente no horário de pico.

Consumidor ‘ressabiado’

Para Valdo Marques, vice-presidente executivo da Stemac, fabricante de geradores, o brasileiro já está “um pouco ressabiado” e por isso a demanda começou antes de qualquer problema. A empresa teve aumento de 35% na demanda em dois meses. Ainda assim, ele torce para que o cenário de risco de racionamento não se confirme adiante:

— Quando isso ocorre, há um desarranjo no mercado, com pico de demanda e problemas logísticos de entrega. E os insumos já estão muito escassos.

No mercado, há equipamentos entre R$ 2 mil e R$ 10 mil entre os mais simples, que permitem um banho quente ou o uso de eletrodomésticos. No segmento de R$ 20 mil a R$ 50 mil, eles garantem o funcionamento por horas de uma residência ou condomínio em caso de falta de luz, mas é preciso fazer instalação na rede por meio da concessionária de energia, assim como nos painéis solares.

Segundo Roberto Wagner Pereira, especialista em energia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o empresariado tem recorrido a investimentos em eficiência energética, autogeração e geração distribuída. Isaque Ouverney, gerente de Infraestrutura da Firjan, lembra que a energia pode somar 40% dos custos de produção da empresa.

Como vender picolé

Não foram só os geradores que se tornaram a compra da vez. A Genyx Solar Power, distribuidora de equipamentos solares, aumentou estoques, ampliou a contratação de funcionários e investe em logística para aumentar a velocidade de entrega.

— As vendas subiram 50% nos últimos três meses em relação aos meses anteriores. Se comparamos com o ano passado, a alta é de 100%. A crise reduziu o tempo do retorno financeiro com a compra de equipamentos solares em um ano, de 4,5 anos para 3,5 anos — afirmou Bruno Motteran Costa, diretor comercial da Genyx. — Estamos ampliando os estoques, mas não conseguimos atender a demanda.

Hoje, cerca de 70% das placas solares no país estão no mercado residencial. As reduções na conta podem ficar entre 50% e 95%, a depender do volume de consumo e intensidade do sol, segundo as empresas.

Em média, um painel solar que gera 400 quilowatts por mês custa de R$ 15 mil a R$ 20 mil. Para Glauco Santos, diretor da Elgin Solar, a crise acelerou a decisão de compra:

— Em julho e agosto, as vendas aumentaram 50% em relação aos meses anteriores, por causa da preocupação com o menor nível dos reservatórios e a tarifa maior de energia. Estamos elevando estoques e comprando painéis de marcas de Europa e Japão.

O Portal Solar, site que reúne 22 mil empresas de energia solar no país, prevê crescimento de 150% no segundo semestre na procura por equipamentos e instalação de placas solares.

Rodolfo Meyer, presidente da empresa, diz que decidiu apostar no desenvolvimento de um projeto para permitir a venda direta das placas por meio de de franquias, modelo em que o vendedor vai até a casa do cliente e instala o equipamento:

— Hoje, vender placa solar é como vender picolé em dia quente. As vendas vão subir ainda mais nos próximos meses, pois é quando a crise hídrica vai chegar em seu pico.

As informações são de O Globo.


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