Amazonas
Massacre em presídios de Manaus será denunciado durante Sínodo da Amazônia
Documento inclui o relato de três visitas recentes feitas pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara para fiscalizar ocorrências na Amazônia.
O massacre nos presídios de Manaus (AM) será denunciado por deputados federais de oposição que se organizam para viajar ao Vaticano a fim de denunciar violações de direitos humanos na Amazônia Legal, durante o Sínodo dos Bispos. O papa Francisco vetou a presença de políticos com mandato no encontro, mas entidades ligadas à Igreja convidaram os parlamentares brasileiros para um evento paralelo.
Em maio deste ano, em Manaus, o governo do Amazonas confirmou que mais 40 detentos foram assassinados em quatro presídios de Manaus. Elas ocorrem menos de 24 horas depois de outros 15 morrerem no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj ). As mortes ocorreram no Compaj e em outros dois presídios próximos —o Centro de Detenção Provisória Masculina 1 (CDPM1) e o Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat)—, além da Unidade Prisional do Puraquequara (UPP).
O convite aos deputados partiu da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), entidade presidida pelo cardeal D. Cláudio Hummes, relator-geral do sínodo. Ele chamou deputados de partidos como PT, PSB e Rede Sustentabilidade para participar das atividades da tenda ‘Casa Comum’.
Espaço aberto e coletivo, conexo ao sínodo, a tenda é organizada por entidades católicas, entre elas a Repam, a Cáritas, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e o Movimento Católico Global pelo Clima – e não diretamente pela Santa Sé. No encontro restrito aos bispos, o papa proibiu, além dos políticos, militares de participarem das assembleias e reuniões, apesar de esforços diplomáticos do governo brasileiro para ter voz no encontro global de bispos.
Os deputados foram convidados para falar no dia 14 de outubro, um dia após a canonização de Irmã Dulce. Eles pretendem apresentar na tenda um relatório sobre a situação dos diretos humanos na Amazônia Legal. O texto, em fase final de elaboração, é coordenado pelo deputado Helder Salomão (PT-ES), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. Outros deputados assinaram o documento, entre eles os líderes da oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ), e da minoria, Jandira Feghali (PCdoB-RJ). Nenhum é alinhado a Bolsonaro.
O documento preparado por Salomão inclui o relato de três visitas recentes feitas pela comissão para fiscalizar ocorrências na Amazônia: a disputa por terras quilombolas no entorno da base de lançamentos espaciais em Alcântara (MA), o massacre de Manaus e a morte do cacique Emyra Wajãpi, na terra indígena da etnia no Amapá.
Helder Salomão vai pedir ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a formação de uma comitiva para viajar em missão oficial, com despesas custeadas pelo Legislativo. Segundo o petista, sem o aval de Maia, os deputados até podem viajar ao Vaticano, mas levariam falta nas atividades parlamentares, com desconto salarial.
Além dele, também foram convidados pela Repam para ir ao Vaticano, entre outros, nomes como Airton Faleiro (PT-PA), Camilo Capiberibe (PSB-AP) e Joênia Wapichana (Rede-RR) – única indígena no Congresso e presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas.
A tenda Casa Comum vai sediar em Roma encontros entre os padres, bispos e cardeais que participam do sínodo, leigos e religiosos – que levarão 50 representantes dos povos indígenas da Amazônia. As atividades da tenda vão além das oficiais, que são restritas à lista de participantes do sínodo.
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