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Amazonas

AM: Parlamentar recebe mais uma denúncia de morte de paciente após nebulização com cloroquina

O procedimento foi realizado em hospital de Itacoatiara. A droga, que foi indicada por Jair Bolsonaro para o tratamento de Covid-19, é usada no tratamento da artrite reumatoide, lúpus eritematoso, afeções dermatológicas e reumáticas e malária

Parlamentar pediu aos Ministérios Públicos que investiguem o caso

O deputado Dermilson Chagas (Podemos) recebeu, na manhã desta quinta-feira (22/04), uma denúncia sobre a morte de uma paciente idosa, de 71 anos, no Hospital Regional José Mendes, no município de Itacoatiara (a 176 km de Manaus), após ela ser submetida a várias sessões de nebulização com hidroxicloroquina em fevereiro deste ano.

“Além dessa morte, a denúncia informa que existe médico sem CRM e sem Revalida atuando naquela unidade de saúde e também que aconteceram mais de 100 mortes. Peço ao Ministério Público do Estado do Amazonas e ao Ministério Público Federal que investiguem a fundo porque vão descobrir muitas irregularidades. Como todos já sabem, a hidroxicloroquina não é recomendada para tratamento de Covid-19, mas parece que o Hospital José Mendes ainda não recebeu essa informação. É importante investigar todas essas mortes e descobrir se outras pessoas faleceram por fazer nebulização com hidroxicloroquina”, afirmou Dermilson Chagas.

O medicamento hidroxicloroquina é utilizado no tratamento da artrite reumatoide, lúpus eritematoso, afeções dermatológicas e reumáticas e malária. O remédio não é recomendado para tratamento de pessoas com Covid-19 pela Organização Mundial de Saúde (OMS), Associação Médica Brasileira (AMB), Associação Brasileira de Enfermagem em Terapia Intensiva (Abenti), Associação Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) e Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC).

O uso da hidroxicloroquina foi proibido em diversos países, após estudos científicos constatarem que, além de não ser adequado para o tratamento de Covid-19, a sua utilização acelerou o processo de inflamação e resultou na morte de pacientes.

Sal de cozinha

O denunciante informou que foi receitado à paciente duas vezes por dia a administração de nebulização com Clenil com 20 gotas de Atrovent e mais dois comprimidos de hidroxicloroquina macerados em soro fisiológico 0,9%, que é o mesmo que 0,9% de cloreto de sódio, o popular sal de cozinha.

O cloreto de sódio possui 40% de sódio em cada grama e sua principal função é equilibrar a quantidade de água no organismo, juntamente com o potássio, trabalhando em conjunto. O sódio retém os líquidos enquanto o potássio elimina. Dessa forma, as células ficam, supostamente, com a quantidade certa de água.

Soro fisiológico 0,9% significa que em cada 1ml de solução há 9mg de cloreto de sódio. Uma ampola de soro fisiológico 0,9% possui 10ml, portanto tem 90mg de sal, e, como foi administrado por duas vezes ao dia, a paciente recebeu 180mg por dia.

Os sites especializados em remédios alertam que a solução de cloreto de sódio 0,9% é contraindicada nos casos de hipernatremia (alta concentração de sódio no sangue), retenção de água e hipercloremia (alta concentração de cloro no sangue).

A administração da droga foi prescrita para ser feita duas vezes ao dia em “BiPap” – que é a pressão positiva em vias áreas a dois níveis, ou seja, um nível para inspiração (Ipap) e outro para expiração (Epap), o que acelerou, segundo o denunciante, o agravamento e posterior falecimento da paciente.


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