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Amazonas

Por 5 dias de trabalho, médica que nebulizou hidroxicloroquina no AM recebeu 2 meses de salário

Em nota, Secretaria da Saúde informou que “está solicitando o ressarcimento pelos valores pagos indevidamente”. A Polícia Civil e o Ministério Público do Amazonas estão investigando morte de paciente.

Nebulização prescrita pela médica está sendo investigada. (Foto:Getty Images)

A médica Michelle Chechter, que submeteu pacientes a tratamento de nebulização com hidroxicloroquina, trabalhou apenas cinco dias no Instituto da Mulher Dona Lindu (IMDL),em Manaus, segundo informações da Secretaria de Saúde do Amazonas. No entanto, o nome da médica aparece no portal da transparência, na lista de funcionários do governo do estado, como tendo recebido vencimentos integrais nos meses de fevereiro e março.

De acordo com o portal, a médica exerceu o cargo de “médico intensivista temporário”, tendo recebido em valores líquidos mais de R$ 11,8 mil em fevereiro e R$ 12,7 mil líquidos em março.

Questionada sobre os pagamentos pelo G1, a Secretaria de Saúde do Governo respondeu em nota: “A maternidade pediu o afastamento da médica por determinação da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM). A secretaria está solicitando o ressarcimento pelos valores pagos indevidamente.”

Questionada sobre o motivo para o pedido o afastamento da profissional, a Secretaria informou que: “O motivo do pedido de afastamento foi a profissional ter realizado um procedimento que não faz parte do protocolo da rede de saúde, já que não tem comprovação científica”.

A secretaria não explicou por que motivo os órgãos responsáveis pelo pagamento dos servidores não foram comunicados para suspender o salário.

De acordo com a SES, o procedimento foi feito por de livre iniciativa da médica, que atuou no Instituto da Mulher Dona Lindu (IMDL), junto com o marido, que também é médico. Ela teria submetido duas pacientes ao tratamento, sendo que uma delas morreu (veja o vídeo acima).

Eles foram integrados dia 3 de fevereiro, após contratação em regime temporário pelo Governo do Amazonas, junto com outros 2,3 mil profissionais de saúde, via banco de recursos humanos disponibilizados ao Estado pelo Ministério da Saúde, para atuarem durante a pandemia em hospitais da rede estadual.

A médica e o marido foram procurados pela reportagem para falar sobre o procedimento, mas não responderam aos questionamentos.

Investigação

A Polícia Civil e o Ministério Público do Amazonas estão investigando a morte da paciente que recebeu tratamento com nebulização de hidroxicloroquina.

A delegada Deborah Souza, titular do 15º Distrito Integrado de Polícia (DIP), informou que recebeu a denúncia do Comitê de Violência Obstétrica do Amazonas e da ONG Humaniza. Conforme a denúncia, pelo menos três mulheres grávidas morreram após o tratamento.

Segundo o procurador Igor Starling, do MP-AM, o órgão irá iniciar uma investigação para apurar a responsabilidade civil, administrativa e criminal sobre o caso.

Ministro apagou twitter

O Twitter apagou uma publicação do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Onyx Lorenzoni, que falava sobre a nebulização com hidroxicloroquina em pacientes com Covid-19.

A publicação do ministro foi feita em março e mostra o vídeo gravado pela médica que conduziu o procedimento. A intenção era mostrar para os familiares o início do tratamento. No entanto, a mulher morreu.

Eficácia não comprovada

Diversos estudos já haviam apontado que o tratamento com hidroxicloroquina em pacientes com Covid não tem eficácia. Apesar disso, com frequência, o presidente Jair Bolsonaro defendeu o uso do medicamento no tratamento precoce contra a Covid, mesmo sem comprovação científica.

Em março deste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou uma diretriz na qual pede fortemente que a hidroxicloroquina não seja usada como tratamento preventivo da Covid-19. O documento foi divulgado na revista científica “The BMJ”.

A recomendação é feita por um painel de especialistas internacionais do Grupo de Desenvolvimento de Diretrizes da OMS (GDG).

Desde julho do ano passado, a organização informa que não tem encontrado benefícios no uso do antimalárico contra o coronavírus. Desta vez, a conclusão passa a ser uma orientação concreta e oficial para os países e profissionais de saúde.

Com informações do G1.


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