Amazonas
Covid no Amazonas: um a cada três pessoas hospitalizadas morreu sem acesso a UTI
Levantamento da Fiocruz a pedido da CNN mostra que 49% dos infectados que conseguiram leito de UTI sobreviveram, em todo o País.
Uma a cada cinco pessoas hospitalizadas por complicações decorrentes do coronavírus morreu sem sequer ter acesso a um leito de UTI no Brasil desde o início da pandemia, em março de 2020, até meados de fevereiro deste ano. No Amazonas, foi um a cada três. O cálculo foi feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) a pedido da CNN Brasil e leva em consideração os registros das internações no SUS e considera as mortes de pessoas que não tiveram registro se entraram ou não em UTI somadas àquelas que estão documentadas como fora dos leitos.
A proporção de mortes de internados que não chegaram a um leito de UTI varia a cada estado e mostra a desigualdade no acesso a tratamentos intensivos em meio à pandemia. Em 10 estados, pelo menos 25% das pessoas internadas morreram sem chegar a um leito de UTI. A situação se agrava na região Norte, que tem menor rede hospitalar. Em Roraima, 53% dos pacientes internados morreram sem leito de UTI. Na sequência aparecem Acre (33%) e Amazonas (31%). Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro e Sergipe registram a morte de uma pessoa a cada pelo menos quatro internadas em decorrência da Covid.
Os números foram compilados no banco de dados abertos do Sistema Único de Saúde. O colapso no sistema de saúde também atrapalha a atualização dos números, face à grande quantidade de registros de internações e mortes no país neste 2021.
Conseguir acesso a tratamento intensivo, porém, não é garantia de sobreviver à doença, mas aumentam bem as chances: 49% das pessoas que foram parar em uma UTI sobreviveram. Os números foram compilados pelo pesquisador Diego Xavier, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fiocruz (Icict/Fiocruz), que alerta para uma piora desses números, tendo em vista o colapso dos sistemas de saúde na maioria dos estados brasileiros. “Sem leitos disponíveis em vários estados, a catástrofe será ainda maior. Estamos com a rede toda colapsada, então vão aumentar esses números de mortes fora de UTI. A tendência é que isso aumente muito”, prevê.
O levantamento leva em consideração 219.040 mortes por Covid-19 ocorridas em hospitais públicos no Brasil durante quase um ano. Para concluir que um a cada cinco internados morre sem UTI, Xavier somou os números de óbitos de quem não foi de fato para UTI e os que não tiveram registro, nos dados do Sistema Único de Saúde, se chegaram ou não a uma UTI. “É muito provável que esses óbitos também sejam de pessoas que não chegaram a ter tratamento intensivo. 72,2 mil pessoas foram internadas e não chegaram a um leito de UTI, isso já dá um terço das mortes por Covid”, ponderou Diego Xavier. A CNN procurou o Ministério da Saúde e aguarda retorno.
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