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Amazonas

Janeiro tem recorde de mortes por Covid-19 no país

Os dados são do portal da Transparência da Arpen Brasil (Associação de Registradores de Pessoas Naturais) que reúne informações da causa-morte apontada na declaração de óbitos entregue aos cartórios.

No Amazonas, a transferência para outros estados foi uma das estratégias para salvar pacientes com covid-19. (Foto:Ministério da Saúde)

O mês de janeiro registrou o maior número de mortes por covid-19 em um único mês no país, desde o início da pandemia. Os dados são do portal da Transparência da Arpen Brasil (Associação de Registradores de Pessoas Naturais), que reúne informações da causa-morte apontada na declaração de óbitos entregue aos cartórios. As informações foram divulgadas no Portal UOL, na tarde desta segunda-feira,15/02.

De acordo com o UOL, com uma segunda onda sem controle, em janeiro —segundo dados ainda passíveis de atualização para mais— foram 29.782 óbitos pela doença causada pelo novo coronavírus. O recorde até então havia sido batido em julho, quando 29.723 morreram por covid-19. O número de mortos em janeiro supera, inclusive, a soma de mortes por covid-19 entre outubro e novembro (quando foram registrados os menores números até aqui de óbitos pela doença).

Diferente dos dados das secretarias estaduais —e consequentemente do Ministério da Saúde e do consórcio de imprensa—, os dados dos cartórios se baseiam na data de óbito, e não no dia do registro da confirmação da infecção por covid-19 (o que muitas vezes leva dias após a morte). Ontem, essa média móvel de registros diários medida pelo consórcio, por sinal, alcançou o maior número da pandemia: 1.105 casos, sendo a primeira vez que ficou acima de 1.100 desde a chegada da covid-19 no país.

Os dados do Portal da Transparência da Arpen têm um prazo de até 15 dias para serem inseridos no sistema. Entretanto, em muitos casos, esse prazo pode variar para mais, o que torna possível inserções no banco de dados referente a mortes após esse período.

Dias difíceis pela frente

O UOL apresentou os dados a especialistas, que só confirmam a visão quase consensual de que o Brasil enfrenta o momento mais grave da pandemia, com previsão de dias difíceis pela frente. “Seguramente a segunda onda foi muito pior do que a primeira, e já há levantamentos também indicando que o número de mortes em excesso é bem maior na segunda onda”, afirma Fernando Spilki, doutor em genética e biologia molecular, ex-presidente da SBV (Sociedade Brasileira de Virologia) e professor da Universidade Feevale, do Rio Grande do Sul.

O excesso de óbitos é calculado pelas mortes registradas no ano anterior em comparação ao seguinte, descontando o crescimento da população. Em janeiro de 2021, foram 131.100 registros de óbitos pelos cartórios, quase 20% a mais que o mesmo mês do ano passado, que registrou 110.900 óbitos.

Spilki assegura ainda que as novas variantes podem até terem influenciado na disseminação do vírus, mas o problema principal foi o não cumprimento de medidas de isolamento social. “Pode até haver uma influência das variantes, mas sem dúvida a questão de que nós não adotamos nenhum protocolo mais restrito de circulação, como foi no caso da primeira onda, é extremamente relevante. Eu acredito que nós podemos creditar muito mais essas mortes à falta de controle e de medidas restritivas”.

Variantes são mutações evolutivas do vírus que ocorrem, com muito mais frequência, em locais onde ele circula com maior intensidade, ou seja, com menos medidas de isolamento social.

Para o epidemiologista e professor da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), Paulo Lotufo, o país deve enfrentar ainda momentos complicados pela segunda onda associada à falta de medidas mais rígidas de isolamento. “O momento da pandemia é pior agora porque ela ocorre como um todo no país. Anteriormente tinha começado em alguns lugares, depois diminuído, mas aumentado em outros. Viveremos dias difíceis até abril”, diz.

 

 


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