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Brasil

Bolsonaro diz que acabou com a Lava Jato por não ter mais ‘corrupção no governo’

A declaração do presidente da República foi uma resposta às críticas que vem sofrendo de ex-aliados por ter se aproximado de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira (7), que acabou com a Operação Lava Jato, porque, segundo ele, “não há mais corrupção no governo”. A declaração foi uma resposta às críticas de lavajatistas por ter se aproximado de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que se posicionam contrários à operação tocada pelo ex-juiz Sérgio Moro. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Os ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli chancelaram o nome do desembargador Kassio Marques para a vaga na Corte. Bolsonaro selou a indicação após uma reunião com os dois magistrados. O gesto motivou uma reação negativa de apoiadores e aliados tradicionais do presidente.

“É um orgulho, é uma satisfação que eu tenho, dizer a essa imprensa maravilhosa que eu não quero acabar com a Lava Jato. Eu acabei com a Lava Jato, porque não tem mais corrupção no governo. Eu sei que isso não é virtude, é obrigação”, disse no Palácio do Planalto nesta tarde, quando discursava no lançamento do Programa Voo Simples, do Ministério da Infraestrutura, que promete modernizar as regras de aviação no País.

A declaração ocorreu momentos depois de os ministros do STF decidirem alterar o regime interno para que ações penais e inquéritos voltem a serem analisados pelo plenário e não mais pelas duas turmas de julgamento.

Na prática, a medida retira os casos da Lava Jato da Segunda Turma, composta pelos ministros Edson Fachin, Carmén Lúcia, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e o decano, Celso de Mello, que se aposenta no dia 13. Para o lugar dele, Bolsonaro indicou o desembargador Kassio Marques. Para ser oficializado, no entanto, o magistrado precisa ser sabatinado e ter o nome aprovado no Senado.

Com a alteração, as ações penais passarão a ser levadas para análise do plenário, formado pelos onze integrantes do tribunal. A mudança foi proposta pelo presidente do STF, ministro Luiz Fux, que elaborou emenda para revogar trechos do regimento interno que previam a competência das turmas para julgar ações penais contra autoridades com foro privilegiado.

O movimento de Fux é visto como uma reação para blindar a Lava Jato. Com a possível chegada de Marques à Segunda Turma, o receio era um reforço no grupo formado por Gilmar e Lewandowski contra a operação.

A indicação de Kassio, costurada com o apoio do Centrão e do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), vem sendo contestada por diversos grupos de apoio ao presidente. Evangélicos, ideológicos militares e lavajatistas externaram nas redes sociais e nos bastidores do governo a decepção com o escolhido. Como o Estadão mostrou informações do currículo do desembargador são inconsistentes.

Nesta tarde, Bolsonaro voltou a sair em defesa de Marques. “Quando eu indico qualquer pessoa para qualquer local, eu sei que é uma boa pessoa tendo em vista a quantidade de críticas que ela recebe da grande mídia”, disse Bolsonaro.

Na semana passada, ao confirmar a indicação do STF em transmissão nas redes sociais, Bolsonaro disse que já “tomou muita tubaína” com o desembargador.

Integrantes do primeiro escalão dizem que a expressão “tomar tubaína” usada pelo presidente define o tipo de aliados que quer por perto neste momento. Saem os radicais, entram pessoas com capacidade de articulação política que ele precisa para seguir no governo.

Na prática, Bolsonaro se cercou de quem pode ajudá-lo não apenas a afastar de si a pressão de inquéritos que envolvem a família, mas a abrir caminhos à reeleição em 2022. Gilmar e Toffoli são os dois integrantes do STF na República da Tubaína, composta também por líderes do Centrão.


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