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Coronavírus: ‘Não há evidência de imunidade de rebanho no Brasil’, diz braço da OMS

A chamada imunidade de rebanho ocorre quando o percentual de pessoas imunes ao vírus em uma dada população é tão alto que impede que a doença siga circulando.

População usa máscaras nas ruas do Rio de Janeiro, desde ontem (23) a prefeitura tornou o uso obrigatório através de decreto.

O braço latino-americano da Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou hoje que “não há nenhuma evidência de que a imunidade de rebanho possa ter sido atingida em qualquer parte do Brasil”.

A chamada imunidade de rebanho ocorre quando o percentual de pessoas imunes ao vírus em uma dada população é tão alto que impede que a doença siga circulando.

A afirmação foi feita por Marcos Espinal, diretor do departamento de doenças contagiosas da Opas (Organização Panamericana de Saúde), da OMS, em resposta a um questionamento da BBC News Brasil.

Nos últimos dias, epidemiologistas e novos estudos passaram a sugerir a possibilidade de imunidade coletiva como explicação para a redução sustentada de novos casos de covid-19 em áreas como São Paulo e Manaus, que sofreram com surtos graves de coronavírus e têm vivenciado momentos de reabertura e maior circulação de pessoas sem novos picos da doença.

“Em Manaus, o número de casos subiu rapidamente, não foram adotadas medidas drásticas de isolamento social, os mortos foram enterrados em valas comuns no pico, e logo em seguida o número de casos diminuiu. Qual a causa dessa rápida queda do número de infectados em Manaus? Teria a cidade atingido a imunidade de rebanho? Um modelo matemático demonstra que isso pode ter ocorrido, e talvez esteja ocorrendo em cidades como São Paulo”, escreveu o biólogo Fernando Reinach em sua coluna no jornal “O Estado de S. Paulo” no sábado (11).

De acordo com Espinal, seria necessário que algo entre 50% e 80% da população tivesse desenvolvido anticorpos contra a covid-19 para que a possibilidade fosse aventada.

Hoje, a OMS trabalha com uma taxa de prevalência de anticorpos em cerca de 14% da população da capital do Amazonas e pouco mais de 3% em São Paulo.

Em xeque

Espinal questionou ainda o próprio conceito de imunidade de rebanho. “Os estudos mais recentes mostram que os anticorpos necessários para caracterizar imunidade de rebanho, aqueles que podem realmente destruir a doença, começam a desaparecer depois de três meses que a pessoa teve a infecção”, afirmou o diretor da Opas.

Especialistas ainda não sabem se, em contato com o vírus novamente, o corpo humano retomaria a produção dessas células de combate ao patógeno ou se a pessoa infectada antes pelo novo coronavírus poderia desenvolver um novo quadro de covid-19 no futuro.

Novas evidências indicam que o comportamento do novo coronavírus se assemelha mais ao do vírus da gripe, em que o infectado não desenvolve imunidade definitiva contra a doença. Uma nova infecção poderia ocorrer poucos meses mais tarde.


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