Brasil
PGR pede condenação de 10 militares “kids pretos” por golpe de Estado
Paulo Gonet afirma que réus do núcleo 3 atuaram para executar ruptura institucional, com plano para matar Lula, Alckmin e Moraes.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu nesta 3ª feira (11.nov.2025) a condenação dos 10 réus do núcleo 3 da denúncia de tentativa de golpe de Estado em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O grupo inclui os chamados “kids pretos” e é formado majoritariamente por militares da ativa e da reserva especializados em operações táticas.
Os denunciados são julgados pela 1ª Turma do STF por atuar na execução dos planos de ruptura institucional. Depois da leitura do relatório pelo ministro Alexandre de Moraes, Gonet fez a última manifestação da PGR antes dos votos.
O procurador-geral declarou que os julgamentos dos núcleos 1 e 4 confirmaram a existência dos crimes e dos fatos narrados pela denúncia sobre o plano de golpe de Estado liderado por Bolsonaro. Segundo ele, o grupo, composto por 9 militares e 1 policial federal, confessou que esperava o aval do ex-presidente para executar a tentativa de ruptura institucional.
A PGR (Procuradoria Geral da República) considera que, depois do processo eleitoral de 2022, o grupo dos “kids pretos” foi responsável pelas iniciativas “mais violentas da organização criminosa”, com a execução de um plano para prender autoridades, criar um gabinete de crise e “neutralizar” Moraes, o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seu vice, Geraldo Alckmin (PSB).
A PF (Polícia Federal) identificou que o núcleo elaborou o plano “Punhal Verde e Amarelo”, que detalhava o assassinato de Lula, Alckmin e Moraes.
O documento “Planejamento – Punhal Verde e Amarelo”, segundo a PF, apresentava um “verdadeiro plano com características terroristas”, com informações detalhadas sobre a execução de uma operação de alto risco. Metadados obtidos pela corporação indicam que o arquivo foi criado em 9 de novembro de 2022 pelo general da reserva Mário Fernandes, então secretário-executivo da Secretaria Geral da Presidência. O plano foi impresso no mesmo dia na impressora do gabinete do órgão.
Integram o núcleo 3:
Bernardo Romão Corrêa Netto, coronel do Exército;
Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, general da reserva;
Fabrício Moreira de Bastos, coronel do Exército;
Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército;
Márcio Nunes de Resende Jr., coronel do Exército;
Rafael Martins de Oliveira, tenente-coronel do Exército;
Rodrigo Bezerra de Azevedo, tenente-coronel do Exército;
Ronald Ferreira de Araújo Jr., tenente-coronel do Exército;
Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros, tenente-coronel do Exército;
Wladimir Matos Soares, agente da Polícia Federal.
Para Gonet, os réus se articularam em duas linhas de atuação: pressionar a alta cúpula das Forças Armadas para aderir ao plano de tentativa de golpe, que seria formalizado por um decreto assinado por Bolsonaro. Além disso, o grupo também teria se armado para neutralizar, prender e matar autoridades e promover “instabilidade social necessária à ruptura institucional”.
Na manifestação, o procurador-geral declarou que os “integrantes deste núcleo pressionaram agressivamente o alto comando do Exército ao ultimar o golpe de Estado”. De acordo com ele, os réus “puseram autoridades públicas na mira de medidas letais e se dispuseram a congregar forças militares terrestres ao serviço dos intentos criminosos”.
O PGR afirmou que os “kids pretos” teriam organizado uma reunião, em 28 de novembro de 2022, para coordenar ações em torno do projeto golpista, assegurando a assinatura do decreto por Bolsonaro. Segundo Gonet, os militares falaram sobre:
– falta de coesão dentro das Forças Armadas;
– necessidade de atuação no curtíssimo prazo;
– necessidade de alertar os comandos militares acerca da realidade;
– realização de ações concretas no campo informacional;
– criação de um gabinete de crise, inicialmente no campo informacional (proposta no Quartel);
– Exército Brasileiro deveria falar com os presidentes do Poder Legislativo e Judiciário.
“O que se tinha era reunião de militares de alta qualificação, especialmente treinados para ações extraordinárias, que concatenavam ações de cunho militar dirigidas à manutenção do poder do presidente da República da época, sem embargo do resultado eleitoral adverso”, declarou Gonet.
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