Governo do Amazonas agora registra preços de respiradores mais baratos que os da FJAP

O governo do Amazonas recebeu propostas para aquisição de ventiladores pulmonares com mais recursos e por quase a metade do preço, um mês depois de ter pago mais caro por equipamentos adquiridos da FJAP & Cia, em uma compra de R$ 2,9 milhões denunciada pelo Ministério Público de Contas (MPC) por superfaturamento.

De acordo com a Nota Fiscal da venda, o governo comprou da FJAP 24 ventiladores Stellar 150 Resmed, por R$ 104,4 mil cada, e 4 ventiladores Trilogy 100 Philips, por R$ 117,6 cada um, no início de março.

No último dia 13, propostas bem mais em conta foram apresentadas pelas empresas Intermed Equipamento Médico Hospitalar e Magnamed Tecnologia Médica, em processos de seleção de fornecedor para 400 aparelhos (200 + 200), em caráter emergencial, para a Secretaria de Saúde (Susam), com prazo de entrega é de até 30 dias.

Os aparelhos da Intermed e da MagnaMed foram oferecidos por R$ 61 mil e R$ 65,8 mil, respectivamente, nos processos de seleção de fornecedor (RDL 068/20 e RDL 069/20) realizados no portal E-Compras do governo do Amazonas, que, até esta terça-feira (19/05), aguardavam homologação.

De acordo com especialistas ouvidos pelo 18horas, os ventiladores da Magnamed são seguros e os da Intermed têm tradição no mercado. Os preços estão dentro dos valores de mercado. Os da Magnamed são considerados muito bons para a ventilação de pacientes graves e estão um nível acima dos outros citados. Os da Intermed são ventiladores de nível intermediário, bastante conhecidos no meio médico, usados em casos de pacientes graves.

Os preços do Stellar e do Trigoly pagos pelo governo, segundo os especialistas, estão 2 a 3 vezes acima do valor de mercado e são ventiladores que têm limitações na ventilação de pacientes graves, como é o caso das vítimas do Covid-19. Além disso, relatório de inspeção do Conselho Regional de Medicina (CRM) constatou que o respirador Stellar 150 da Resmed, instalado no Hospital Nilton Lins, “segundo manual do fabricante, não é adequado para uso de suporte a vida e está contraindicado em pacientes que não possam suportar mais do que breves interrupções na ventilação”.

A Procuradoria Geral da República (PGR) pediu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) a abertura de inquérito para apurar a compra pelo governo do Amazonas de 24 ventiladores hospitalares pelo valor de R$ 2,9 milhões.

O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), disse ao jornalista Roberto Cabrini, em entrevista para o programa Conexão Repórter, que não tinha como comprar respiradores pulmonares mais baratos.

Na semana passada, o deputado  estadual Dermilson Chagas (Podemos) cobrou do Governo do Amazonas informações e esclarecimentos sobre a   compra de ventiladores pulmonares. Ele lembrou que os últimos ventiladores comprados por  R$ 2.9 milhões foram considerados superfaturados pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) e avaliados como ineficientes pelo Conselho Regional de Medicina. “Portanto, o governador Wilson Lima precisa nos esclarecer em detalhes esse novo processo de compras”, disse.

Covid-19: ventiladores comprados pelo governo do AM são quase 100% mais caros que os adquiridos pelo governo federal