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Facção venezuelana classificada como “ terrorista ” pelo governo dos EUA, avança no Norte do Brasil, em aliança com o PCC, diz jornal

O Globo, em Editorial, diz que engajamento federal é crítico para deter articulação internacional do crime.

Editorial do jornal O Globo desta quinta-feira (13/02) diz que o avanço da organização criminosa venezuelana Tren de Aragua no Norte do Brasil é uma evidência preocupante da articulação internacional do crime organizado. Segundo o jornal, a quadrilha, classificada como “organização terrorista estrangeira” pelo governo dos Estados Unidos, se aliou à facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) para explorar rotas do tráfico e negócios ilegais na Amazônia.

Diz o jornal que a violência explodiu no Norte com a ascensão do crime organizado local e a chegada de facções criminosas do Sudeste, como o PCC e o Comando Vermelho. E que, hoje não apenas crimes ambientais — como desmatamento, garimpo ilegal ou pesca predatória — preocupam as autoridades, mas também o tráfico de drogas e toda atividade em torno dele.

A articulação entre esses diferentes crimes, segundo o jornal, ficou clara no assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, que comoveu o Brasil em 2022. “Um dos principais acusados atuava no tráfico, na pesca e na caça ilegais. A expansão da facção venezuelana impõe mais um desafio às autoridades de segurança brasileiras, que não dão conta nem dos grupos criminosos nacionais”, afirma.

As estratégias do Tren de Aragua, diz o editorial, não diferem muito do modo de agir das facções criminosas brasileiras. O jornal diz que teve acesso a documentos da Polícia Civil e do Ministério Público que ” expõem os métodos violentos para invadir territórios e executar rivais”.

“Em janeiro, foi descoberto em Boa Vista, Roraima, um cemitério clandestino com dez corpos. A polícia suspeita que eram rivais da facção venezuelana. Afirma que ela já controla o tráfico de drogas em pelo menos cinco bairros da cidade e atua também em Manaus e municípios na fronteira do Amazonas. Em Roraima, diz a polícia, os traficantes venezuelanos já têm impacto nos indicadores de violência. Entre 2011 e 2023, o número de assassinatos no estado aumentou de 60 para 177, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública”, diz.

O jornal também informa que a polícia aponta como líderes da organização no Brasil os irmãos Antonio e Daniel Cabrera, que estão presos, acusados de tráfico, homicídio e de negociar a compra de armas para a quadrilha”.

“Os criminosos não têm dificuldades para encontrar mão de obra para seus negócios ilegais. Imigrantes venezuelanos em situação de vulnerabilidade costumam ser alvos da organização. Entre 2015 e 2024, mais de 568 mil venezuelanos entraram no país como refugiados. Brasileiros também são aliciados para atividades como tráfico, garimpo clandestino e exploração sexual”, aponta o editorial.

“Lamentavelmente, a Amazônia vai aos poucos se tornando um paraíso para as organizações criminosas, que prosperam onde não há repressão. É preciso que União e estados as combatam urgentemente. Não se pode permitir que territórios da floresta sejam sequestrados pelo crime, como acontece, por omissão do Estado, em comunidades de todo o país. A articulação internacional é mais uma evidência de que tal situação só poderá ser revertida com engajamento concreto do governo federal no combate ao crime organizado”, diz O Globo.


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