Amazonas
Com “repiquete”, nível do rio Negro nesta segunda-feira (28/10) volta a ficar 46 centímetros abaixo da marca de 2023, na mesma data
Em 28 de outubro do ano passado, a cota registrada era de 12,75 m.
Após atingir a cota mais baixa já registrada, de 12,11 metros (m), no dia 9 de outubro desse ano de 2024, o nível do rio Negro voltou a subir, chegando a 12,50 m, no dia 23 e, desde essa data, voltou a vazar 21 centímetros (cm), no chamado “repiquete”, chegando a 12,29 m nesta segunda-feira (28/10), de acordo com a medição do Porto de Manaus.
Em 28 de outubro do ano passado, a cota registrada era de 12,75 m. Ou seja, o nível do rio, nesta segunda-feira, em Manaus, está 46 cm abaixo do registrado na mesma data do ano passado, quando o nível do Negro subiu 5 cm.
O “repiquete” ocorre quando o rio alcança a vazante, enche um pouco e volta a vazar. O fenômeno em 2024 foi previsto pelo Serviço Geológico do Brasil, que atribui essa instabilidade à falta de chuvas frequentes no Amazonas. As que ocorrem são abaixo da média, insuficientes para encher novamente os rios de forma ininterrupta.
Um dos fenômenos típicos do regime das águas na Amazônia, o repiquete foi registrado apenas duas vezes nas vazantes do rio Negro, em Manaus, nos últimos dez anos, até 2023, sendo o mais severo deles em 2016, ano em que após parar de descer em meados de outubro, o nível subiu por alguns dias e depois voltou a descer regularmente até meados de dezembro.
Em 2016, a vazante ocorria naturalmente até que no dia 19 de outubro o rio Negro desceu pela última vez no mês, atingindo a cota mínima de 18m16cm. Nos quatro dias seguintes, o Negro ficou estável neste nível. No dia 23 de outubro o rio começou uma subida constante de seu nível e ficou neste ritmo por dez dias até chegar a 18m32cm. Nos dias 3, 4 e 5 de novembro houve estabilização e todos já acreditavam que a vazante havia terminado em 18m32cm.
O “repiquete” começou no dia 6 de novembro, quando o rio subiu 1cm e a partir dali seguiu vazando por 18 dias seguidos até que no dia 23 atingiu o nível de 17m82cm. Na sequência um novo período de estabilidade por cinco dias seguidos.
A partir do dia 29 de outubro houve um novo e mais forte “repiquete” , com o rio Negro descendo seguidamente por 15 dias e alcançando o menor nível da vazante daquele ano (17m20cm), no dia 13 de dezembro. Novo período de estabilidade e finalmente em 16 de dezembro o rio começou a subir.
A vazante de 2020 também experimentou um “repiquete” , mas de menor proporção em comparação ao ocorrido em 2016. Há três anos, o rio secou diariamente até o dia 15 de outubro, quando chegou ao nível de 16m97cm, estabilizou no dia seguinte e em 17 daquele ano iniciou um período de subida das águas.
Este período registrou sete dias de subidas constantes até o dia 23 de outubro, quando atingiu a cota de 17m09cm. Em 24 de outubro, veio o “repiquete” que levou a 11 dias de descidas constantes até que em 7 de novembro houve a estabilização no menor nível daquele ano: 16m60. No dia seguinte começou a cheia
Em 2010, ano da maior vazante antes de 2023, o rio Negro parou de descer no dia 24 de outubro, quando atingiu o então “fundo do poço”: 13m63cm. No dia seguinte começou a cheia
O professor José Camilo Lacerda, da Universidade Federal do Amazonas, compara o “repiquete” a um “efeito sanfona”, que ocorre tanto nos processos de vazante quando no de cheia
Lacerda explicou que o nível do rio Negro oscila em função de chuvas nas cabeceiras ou pelo represamento natural quando encontra as águas do Solimões para formar o rio Amazonas, nas proximidades de Manaus.
Vazantes e “repiquete” dos últimos dez anos:
2014: A vazante foi até 28 de outubro, estabilizou no dia seguinte e depois o rio começou a encher;
2015: O rio parou de descer constantemente em 28 de outubro, iniciou uma subida que foi intercalada por dias de descida pouco significativas;
2016: O rio parou de descer em definitivo no dia 13 de dezembro após repiquetes;
2017: O rio Negro desceu até 6 de outubro e depois iniciou o processo de cheia;
2018: O rio desceu até 5 de novembro, estabilizou por três dias e começou a encher na sequência;
2019: O rio secou até 25 de outubro e depois iniciou o processo de cheia;
2020: O rio desceu até 6 de novembro e depois iniciou a cheia;
2021: Houve seca até 4 de novembro, no dia seguinte houve estabilização e em 6 de novembro começou a cheia.
2022: O rio secou até 28 de outubro e no dia seguinte começou a cheia;
2023: O rio secou até o dia 26 de outubro, quando alcançou o menor nível desde o início da série história em 1902: 12m70. No dia seguinte houve estabilização e desde então foram sete dias de subidas constantes e sem sinais de repiquete.
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