Brasil
Garimpo devastou equivalente a 700 campos de futebol em Terras Indígenas da Amazônia, em 3 meses, diz Greenpeace
Estudo do Greenpeace Brasil via satélite registou a devastação de 505 hectares de florestas
O monitoramento do Greenpeace Brasil via satélite registrou que o garimpo devastou 505 hectares de florestas nos meses de julho, agosto e setembro nos territórios Kayapó (PA), Yanomami (AM/RR), Munduruku (PA) e Sararé (MT). A área destruída pela atividade equivale a 707 campos de futebol.
O estudo revela que o garimpo continua devastando Terras Indígenas (TI) na Amazônia. O monitoramento indica, ainda, a expansão para novas áreas nos territórios Kayapó e Yanomami, com a abertura de regiões distantes dos garimpos já estabelecidos.
— Por mais que tenha uma atuação conjunta de órgãos públicos no combate ao garimpo, a atividade ilegal ainda é uma realidade na Amazônia e tem aumentado a cada mês, abrindo novas áreas e trazendo um cenário de destruição nas Terras Indígenas e para o povo que nela habita — diz Jorge Dantas, porta-voz da frente de Povos Indígenas do Greenpeace Brasil.
Se consideradas apenas as Terras Indígenas Kayapó, Yanomami e Munduruku, os dados do trimestre mostram que houve crescimento de 44,48% da área tomada pela atividade garimpeira em relação ao mesmo período de 2023
A área Kayapó foi a mais afetada pela atividade no último trimestre, com um aumento de 35% em relação a julho, agosto e setembro do ano passado. Foram 315 novos hectares desmatados, o que equivale a aproximadamente duas vezes o tamanho do Parque Ibirapuera, em São Paulo. Lá, também foram registrados três recordes no trimestre: o de maior concentração de área de garimpo, com um total de 15.982 hectares; maior quantidade de novas áreas desmatadas para a atividade garimpeira, o de maior concentração de incêndios florestais em 2024.
A Terra Indígena Yanomami enfrenta um grave avanço do garimpo, com a área total ocupada pela prática chegando a 4.123 hectares. Entre julho e setembro deste ano, foram registrados 50 novos hectares de garimpo, refletindo um aumento de 32% em relação ao ano passado. Essa realidade contrasta com a declaração do Governo Federal, que, em outubro, afirmou não ter identificado novos garimpos na região em setembro.
Além disso, imagens de satélite revelam a ampliação da nova fronteira de garimpo no sul do território Yanomami, uma questão que já foi denunciada pelo Greenpeace no início de 2024. Novas áreas de exploração também foram detectadas nas proximidades do Parque Nacional Pico da Neblina, localizado ao sul da região.
Na Terra Indígena Munduruku, também é menos preocupante: a área de garimpo aumentou em 34,7%, com 32,51 hectares abertos apenas no último trimestre. Outros 3% dessa terra foi afetada por queimadas e estiagem, resultando em uma crise alimentar e na escassez de água potável.
Na TI Sararé, a devastação causada por garimpeiros entre agosto e setembro deste ano atingiu 106,98 hectares, elevando a área total de garimpo para 1.863,78 hectares. Imagens divulgadas pelo Greenpeace indicam que a expansão ocorre nos picos já estabelecidos no sul da região. Setembro foi marcado por uma chacina e confrontos entre garimpeiros e agentes da PRF e do IBAMA, nove pessoas morreram.
Lideranças locais relatam que mais de 10 indígenas estão sob ameaça de morte, e a situação se deteriorou ainda mais no domingo, quando aconteceu uma troca de tiros após indígenas destruírem quatro máquinas escavadeiras de garimpeiros.
O mapeamento das áreas de garimpo em Terras Indígenas é realizado por meio de alertas gerados por radar e sensores ópticos, utilizando os sistemas GLAD e RADD na ferramenta “Papa Alpha”. A precisão desses alertas é verificada por imagens de satélite dos sistemas Planet Lab e Sentinel-2.
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