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Brasil

Esperança contra a seca, La Niña deve ser leve em intensidade e duração, alertam especialistas

Fenômeno poderá amenizar em parte os impactos da seca histórica na Amazônia. Mas especialistas destacam que o fenômeno deverá ser leve, tanto em intensidade quanto em duração.

A primavera que começou no domingo terá características de um verão calorento: são esperados dias quentes e sem chuva na maior parte do Brasil, mantendo a estiagem que marca este ano até pelo menos meados de novembro. A chance de mudança das temperaturas está no La Niña, o resfriamento acima do normal do Oceano Pacífico Equatorial, que poderá amenizar em parte os impactos da seca histórica na Amazônia. Mas especialistas destacam que o fenômeno deverá ser leve, tanto em intensidade quanto em duração.

Os modelos meteorológicos apontam estiagem no Centro-Norte do país e chuvas fortes no Sul até novembro. O La Niña inverte essa dinâmica: o Sul passa a ficar mais seco, enquanto há mais precipitações nas outras regiões. Mas por causa da pouca intensidade do fenômeno este ano, a projeção do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), da Universidade Federal do Alagoas (Ufal), é de que as chuvas voltem ao normal só no Oeste da Amazônia.

“A La Niña será fraca. O Leste da Amazônia continuará afetado pela estiagem”, prevê Humberto Barbosa, coordenador do Lapis.

Os primeiros dias de Primavera mantiveram o calor visto nos últimos meses. De acordo com o Climatempo, o Brasil enfrenta nessa semana sua sétima onda de calor do ano, com dias extremamente secos e umidade do ar muito baixa. A onda de calor iniciada na segunda-feira segue o mesmo padrão das anteriores, com um bloqueio atmosférico na região central do Brasil, impedindo formação de nuvens e de frentes frias.

O principal fator climático no ano tem sido a temperatura do Oceano Atlântico, frisa Barbosa. As águas do Atlântico Sul estão resfriadas e as do Atlântico Norte, mais quentes, o que forma ventos “excepcionalmente fortes” para o Hemisfério Norte. Essa movimentação empurra a Zona de Convergência Intertropical, principal sistema formador de chuvas no Norte e Nordeste, para longe da Amazônia.

“Essa situação deve permanecer nos próximos meses, sobretudo na região do Matopiba (fronteira agrícola entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, que tem alta incidência de queimadas), que poderá ter chuvas abaixo da média”, explica.

O meteorologista da UFRJ Wanderson Luiz Silva explica que os modelos do Climate Prediction Center da NOAA, centro de previsões do governo dos EUA, projetam 70% de chance de a La Niña estar estabelecida em outubro, e 80% em novembro.

“A primavera ainda começa com um outubro de acumulados de chuva abaixo da climatologia e temperaturas acima da média em grande parte da porção Centro-Norte do país. A partir de novembro, espera-se que os volumes de chuva comecem a aumentar. Mas seguiremos com temperaturas levemente acima do normal para esta época do ano”, explica Silva.

A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) tem previsão semelhante. Os modelos da instituição indicam que a seca na região central do país e na Amazônia tende a piorar em outubro, e só melhora em novembro. No Sul, são esperadas precipitações acima da normalidade, com avanço e permanência de frentes frias.

O Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais vai atualizar nos próximos dias a nota técnica que divulgou em 29 de agosto sobre a previsão da primavera. Mas o texto original já indicava os prognósticos desenhados pelos modelos meteorológicos, com chuva abaixo do normal em boa parte das Regiões Sudeste, Nordeste, Centro-Oeste e Norte e acima do normal no Sul.


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