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Amazonas

Seca no Vale do Javari, no Amazonas, afeta transporte, isola indígenas e alerta para crise, diz Univaja

Lideranças no Amazonas cobram providências do governo Lula e temem que situação se agrave como a dos yanomamis.

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Seca no Rio Solimões, em Iranduba, (AM). (Foto: Michael Dantas/ Reprodução)

A seca que afeta a amazônia já isola as aldeias da Terra Indígena Vale do Javari, no oeste do Amazonas, e é apontada por representantes de organizações da região como estopim para uma emergência de saúde como a enfrentada pelo povo yanomami. A informação é do jornal Folha de São Paulo.

As 74 aldeias do Javari estão isoladas dentro dos 8,5 milhões de hectares da terra indígena, afirmou a Univaja (União dos Povos Indígenas do Javari) em comunicado divulgado na última quarta-feira (2).

A impossibilidade de navegação, registrada em um vídeo de um barco encalhado, se traduz em falta de água, comida e remédios, na exposição de povos isolados e no agravamento das condições de saúde, com alto risco epidemiológico. Foram registrados casos de diarreia e vômito entre crianças, por causa da dificuldade de acesso a água potável, e há suspeita de mortes por falta de atendimento.

Ainda segundo a Univaja, uma equipe do Dsei (Distrito (Distrito Sanitário Especial Indígena) está isolada há 120 dias no território, onde faltam medicamentos básicos como paracetamol. Outros casos são mais delicados, como o de um homem mordido por animal peçonhento que há uma semana aguarda por soro antiofídico.

De acordo com o coordenador da Univaja, Bushe Matis, indígenas de povos isolados acabaram avistados porque precisaram se expor na busca por água, devido à seca de riachos e igarapés.

“No médio rio Itaquaí, num local chamado Marubão, apareceram os indígenas Korubo, que foram avistados três vezes. Os parentes estão aparecendo também no alto Marunau. Foram avistados também na aldeia Kumaia.”

No comunicado de quarta-feira, a organização cobrou uma resposta do governo Lula (PT).

“Apelamos por apoio e atenção da União para nossas carências, enfatizando que os povos indígenas do Brasil definitivamente não deram causa ao desequilíbrio climático que os atinge e desempenham papel fundamental na sua superação.”

Além de solicitar o reparo de uma aeronave que está na Aldeia do Lobo, a Univaja pediu o envio de aeronaves com grande capacidade de carga, para acelerar o envio de mantimentos em meio à seca.

“O que pode ser melhorado é que as autoridades de Brasília, em especial da saúde, como [a ministra] Nísia Trindade, que é autoridade maior do Ministério da Saúde, consigam um helicóptero maior”, afirmou Matis.

Em nota, a pasta afirmou que as demandas por apoio logístico e por insumos estão sendo articuladas a nível federal. “Em resposta aos impactos da seca, o Ministério da Saúde, por meio da Sesai [Secretaria de Saúde Indígena], busca implementar soluções emergenciais e disponibilizar logística aérea, com o apoio das Forças Armadas e da Polícia Rodoviária Federal.”

Disse também que o envio de medicamentos e outros suprimentos é planejado para três meses, mas que antecipou a entrega de insumos essenciais para seis meses, assegurando a continuidade dos cuidados de saúde. Ainda, afirmou que uma equipe médica busca pelo paciente que teria sido ferido por um animal peçonhento.

Também em nota, o Ministério dos Povos Indígenas disse que está em contato com órgãos competentes para que as demandas sejam atendidas. “As equipes da fundação também trabalham em ações de conscientização para que seja evitado o contato com indígenas isolados.”

O coordenador da Univaja relatou na sexta (4) que uma carga de mantimentos estava em Atalaia do Norte (AM) sem condições de ser levada para dentro do território. Embora chovesse, não havia previsão de melhora no cenário de navegação, pelo pouco volume de precipitação esperado.


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