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Economia

Pix para ‘bets’ cresce 200%; apostas aumentam até entre os que recebem Bolsa Família, diz presidente do BC

Segundo Campos Neto, há preocupação com comprometimento de renda e risco de inadimplência.

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As plataformas de apostas e jogos on-line estão começando a levantar suspeitas de uma possível piora na qualidade do crédito, com grande comprometimento da renda. A informação é do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. Segundo ele, desde janeiro, houve um aumento de mais de 200% no valor que os jogadores transferem para essas empresas via Pix. Haveria, ainda, um número considerável de apostadores de baixa renda, inclusive beneficiários do Bolsa Família.

— Temos tentado ajudar o governo e o Congresso com os dados que a gente tem e o crescimento é muito grande. A correlação entre pessoas que recebem Bolsa Família, pessoas de baixa renda, e o aumento das apostas tem sido bastante grande. A gente consegue mapear o que teve de Pix para essas plataformas e o crescimento de janeiro pra cá foi bastante grande. A gente pega o tíquete médio e subiu mais de 200%— comentou, ao dizer que os dados de crédito vieram mais fortes que as expectativas da autoridade monetária: — É uma coisa que chama a atenção, e a gente começa a ter a percepção de que vai ter um efeito na inadimplência na ponta.

Inflação

Em conferência organizada pelo Banco Safra em São Paulo na manhã desta terça-feira (dia 24), Campos Neto também mencionou que a inflação continua preocupante no país, especialmente com o crescimento econômico acima do esperado e mercado de trabalho aquecido. O Banco ainda está estudando qual o impacto do desemprego historicamente baixo sobre a inflação, mas há sinais de que esse fator começa a pesar.

— O Banco Central tem um desconforto grande com o que acontece com as expectativas de inflação. As longas ainda bem acima da nossa meta.

Mercado de trabalho

Ele comentou que os dados do mercado de trabalho têm alimentado debates sobre a taxa de desemprego de equilíbrio, índice que o mercado errou em mensurar algumas vezes. Além disso, segundo Campos Neto, o crescimento do Brasil está vindo pouco acima do potencial, na margem.

O presidente disse ainda que é esperado um movimento de desaceleração dos gastos, em certa medida por influência do arcabouço fiscal. Houve, recentemente, um aumento nos prêmios de risco, mas Campos Neto argumenta que isso estaria relacionado a preocupações quanto a transparência nos dados, e não ao crescimento nas despesas:

— A gente precisa usar como input, como dados dos nossos modelos, para entender esse processo de convergência de inflação. O próprio arcabouço força uma diminuição, o quanto a gente não se arrisca a colocar, mas a gente entende que vai haver sim uma desaceleração de gastos. Mais recentemente surgiu esse prêmio de risco, mas não advindo da trajetória e número de gastos, mas de transparência em relação aos números (fiscais).

 


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