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Brasil atinge 1/3 de vegetação nativa perdida desde colonização; Amazônia sofreu maior perda em termos absolutos, diz estudo

Os números constam na nova coleção de dados do Mapbiomas (rede multi-institucional que reúne universidades, ONGs e empresas de tecnologia para estudo do uso do solo do país) divulgada nesta quarta-feira (21).

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O Brasil alcançou a marca de 33% de vegetação nativa (281 milhões de hectares) destruída no seu território desde o início da colonização europeia em 1500. As áreas foram alteradas por atividades humanas, como agropecuária e urbanização. A Amazônia, apesar de ter uma menor perda proporcional (de 14%), foi quem sofreu a maior perda em termos absolutos: 55 milhões de hectares de vegetação nativa substituídos por outras coberturas e usos da terra.

Os números constam na nova coleção de dados do Mapbiomas (rede multi-institucional que reúne universidades, ONGs e empresas de tecnologia para estudo do uso do solo do país) divulgada nesta quarta-feira (21).

O estudo do MapBiomas descreve a perda de vegetação em cada um dos biomas brasileiros. O que mais perdeu vegetação nativa foi a Amazônia, que apresentou uma redução de 14% nos últimos 39 anos, o equivalente a 55 milhões de hectares. “Com isso, a Amazônia brasileira tem hoje 81% [do território] coberto por florestas e vegetação nativa, o que a coloca muito próximo da margem estimada pelos cientistas para seu ponto de não retorno, estimado entre 80% e 75% de vegetação nativa”, alerta o relatório.

“Essa é uma marca histórica, e por isso a gente está dando o destaque e o detalhamento”, diz Marcos Rosa, coordenador técnico do MapBiomas.

Em 2023, 64,5% do território brasileiro estava coberto por vegetação nativa, ou seja, era composto por áreas como floresta, vegetação, praia, dunas e areais. Outros 2,5% não entram na conta por serem áreas não vegetadas e corpos d’água.

As áreas mais preservadas do Brasil continuam sendo as Terras Indígenas, que cobrem 13% do território nacional. De 1985, quando os dados começaram a ser medidos, a 2023, elas perderam menos de 1% de sua área de vegetação nativa (nas áreas privadas foram 28%).

Hoje, 41% da vegetação nativa no Brasil está em áreas protegidas e comunitárias, como unidades de conservação. Quase metade dos municípios brasileiros perderam vegetação entre 2008 e 2023. Segundo o estudo, no período:

45% dos municípios perderam vegetação nativa
37% tiveram ganho
18% dos municípios tiveram estabilidade

No Pantanal, 82% dos municípios tiveram perda nesse período, pior dado entre todos os biomas.

Os biomas brasileiros que mais perderam vegetação nativa proporcionalmente entre 1985 e 2023 foram o Cerrado (27% de perda) e o Pampa (28%).

Segundo o estudo, a perda de vegetação nativa é mais acentuada em áreas planas, com declividades de 0 a 8%. A agricultura, por exemplo, aumentou quatro vezes nessas áreas desde 1985.

Atualmente, as florestas cobrem 41% do país, mas foi o tipo de cobertura nativa que mais perdeu área de 1985 até o ano passado: menos 61 milhões de hectares, uma queda de 15% no período.

“Nem todas as florestas estão numa situação igual no Brasil: algumas estão muito mais ameaçadas que outras”, explica Eduardo Vélez, das equipes Pampa, Fogo, Água e Degradação do MapBiomas.

Dos 27 estados e Distrito Federal, 13 já têm mais da metade da vegetação nativa destruída em seus territórios, com destaque para Sergipe (20% restante) São Paulo (22%), Mato Grosso do Sul e Alagoas (23%).

Entre 1985 e 2023, a maior parte da perda de vegetação natural (81%) ocorreu em áreas privadas ou em áreas com CAR (Cadastro Ambiental Rural) sem registro fundiário georreferenciado. CAR é um registro público eletrônico nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade de integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais. Ele serve de base de dados para controle, monitoramento, planejamento e combate ao desmatamento.

Segundo o relatório, dos 27 estados da federação, apenas o Rio de Janeiro apresentou um pequeno aumento de vegetação nativa no período avaliado, que passou de 30% para 32% de seu território. As outras 26 unidades federativas tiveram redução, sendo que as mais expressivas foram em Rondônia, que caiu de 93% em 1985, para 59% de cobertura vegetal nativa em 2023; seguido do Maranhão, de 88% para 61%; Mato Grosso, de 87% para 60%, e Tocantins de 85% para 61%.

Atualmente, de acordo com o MapBiomas, os estados com maior proporção de vegetação nativa são Amapá, com 95% de cobertura, o Amazonas, também com 95%, e Roraima, com 93%. Já os estados com menor proporção de vegetação nativa são Sergipe, com apenas 20%; São Paulo, com 22% e Alagoas, com 23%.


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