Mundo
Pesquisa na África mostra que injeção contra HIV dá 100% de proteção às mulheres
É a primeira vez que uma medicação para prevenção do HIV atinge resultados tão impressionantes. Remédio já é usado para tratamento.
Uma injeção a cada seis meses de um novo medicamento antiviral ofereceu proteção total contra o vírus do HIV a mulheres jovens em um ensaio clínico realizado no continente africano. É a primeira vez que um medicamento candidato à profilaxia pré-exposição (PrEP) é 100% eficaz na prevenção do HIV.
Ensaios clínicos feitos na Uganda e na África do Sul mostraram que as injeções de lenacapavir ofereceram melhor proteção contra a infecção por HIV do que outros dois medicamentos de PrEP disponíveis.
O resultado do estudo foi anunciado pela farmacêutica Gilead Sciences, na quinta-feira (20/6). Os dados ainda não foram submetidos a revisão por pares.
“Depois de todos os nossos anos de tristeza, especialmente com vacinas, isso é realmente surreal”, afirmou a pesquisadora Linda-Gail Bekker, em entrevista ao jornal The New York Times.
As injeções são uma alternativa aos medicamentos disponíveis hoje, em forma de comprimidos diários, que podem ser esquecidos pelos usuários. A adesão a eles ainda é baixa na África, especialmente entre jovens mulheres, grupo com maiores taxas de novas infecções.
“Para uma jovem que não pode ir a uma consulta em uma clínica na cidade, uma jovem que não pode guardar comprimidos sem enfrentar estigma ou violência, uma injeção apenas duas vezes por ano é a opção que poderia mantê-la livre do HIV”, considera Lillian Mworeko, líder do Comunidade Internacional de Mulheres Vivendo com HIV na África Oriental, ao NTY.
Estudo com antiviral injetável contra HIV
O estudo Purpose 1 foi realizado com cerca de 5,3 mil mulheres com idades entre 16 e 25 anos. Os resultados mostram que nenhuma das 2.134 voluntárias que receberam o lenacapavir contraiu HIV. Por outro lado, 16 das 1.068 mulheres (1,5%) que tomaram um comprimido diário de Truvada acabaram contraindo a infecção, assim como 39 das 2.136 mulheres (1,8%) que receberam um comprimido diário de Descovy, o fármaco mais recente.
Com base nos resultados positivos, um comitê independente recomendou que a farmacêutica disponibilizasse o lenacapavir a todos os participantes do estudo – incluindo as do grupo placebo –, encerrando a fase de testes cegos.
Testes com outros grupos
Outro braço do estudo, feito em seis países, testa a eficácia do lenacapavir em uma população mais diversa, incluindo homens que fazem sexo com homens, em pessoas transgêneros e indivíduos que usam drogas injetáveis. De acordo com a Gilead Sciences, os resultados serão divulgados até o final de 2024.
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