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Governo instala “sala de crise” preventiva para seca na Amazônia e incêndios no Pantanal, diz ministra

O esforço será de 20 ministérios, somando-se a pasta da Saúde. As queimadas originam casos de saúde pública, sobretudo de natureza respiratória.

Ministra do Meio Ambiente Marina Silva. (Foto: Reprodução)

O governo federal montou uma “sala de crise” para se antecipar ao enfrentamento de incêndios no Pantanal e seca na Amazônia no período crítico que começa em julho. “Trata-se de fazer a gestão do risco preventivo, sobretudo para o Pantanal e a Amazônia”, adiantou ao Valor Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima. As informações são do Valor Econômico.

“É uma tentativa de fazer um planejamento antecipado para os suprimentos de combustíveis, remédios e cesta básica no caso da Amazônia, por exemplo. Quando os rios secam, levar tudo isso de helicóptero é muito complicado e é uma fortuna”, diz. “Trata-se de armar uma operação de guerra”.

“O governo instalou um comitê de crise que tem uma abordagem preventiva neste momento. Geralmente instala-se a sala de crise quando há um processo ocorrendo. Aqui temos o processo diagnosticado, sobretudo no caso do Pantanal e da Amazônia”, explica.

“É uma operação de guerra para a maior seca já imaginada”, adianta. “Estamos nos preparando desde outubro. A instalação da sala de crise é o momento de começarmos a trabalhar de forma mais integrada e com foco mais amplo”, diz.

Nos últimos dias, Marina Silva reuniu-se com o vice-presidente Geraldo Alckmin e com o Ministro da Defesa José Mucio Monteiro Filho para discutir ações do governo federal que possam ajudar municípios e regiões a se preparar para os impactos climáticos de eventos previstos. Na sexta-feira de manhã ocorreu uma reunião extraordinária, em caráter emergencial, da comissão permanente dos planos de combate ao desmatamento e do enfrentamento de queimadas na Amazônia, Cerrado e Pantanal.

O esforço será de 20 ministérios, somando-se a pasta da Saúde. As queimadas originam casos de saúde pública, sobretudo de natureza respiratória.

A primeira reunião da “sala de crise” será da coordenação executiva, na segunda-feira. “Esta sala irá trabalhar continuamente, algo parecido ao Rio Grande do Sul, só que lá é a gestão do desastre. Aqui estamos tentando fazer a gestão do risco”, explica.

Entre as medidas anunciadas em 5 de junho, no Dia Mundial do Meio Ambiente, estava o pacto com governadores para o combate a incêndios no Pantanal e na Amazônia. Ali se firmou uma ação conjunta do governo federal com os governos do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, no caso do Pantanal, e Pará, Amazonas, Maranhão, Tocantins, Acre, Amapá, Roraima e Rondônia.

O pacto se antecipava à perspectiva de grandes incêndios florestais de julho a novembro, intensificados pela mudança do clima. “Vínhamos desde outubro trabalhando essa agenda. O pacto é fruto desse trabalho, da articulação política que fiz com governadores da Amazônia e do Pantanal”, diz ela.

A intenção é implementar o pacto com os governadores e fazer o planejamento, a estratégia e a abordagem de como enfrentar os extremos climáticos e incêndios no Pantanal e na Amazônia.

“Temos o início dos incêndios logo mais no Pantanal”, continua. “A rigor, nunca pararam, por causa dos fogos de turfa que queimam por dentro da terra”, esclarece. A turfa é formada pelo material orgânico que se acumula no solo, pode alcançar vários metros de profundidade e é muito inflamável.

“Vivemos uma escalada. Esta semana teremos uma grande onda de calor na região. E isso é muito propício a grandes incêndios”, alerta. “No Pantanal temos uma situação muito grave”, diz. Em maio a Agência Nacional de Águas (ANA) declarou situação crítica de escassez hídrica na Bacia do Paraguai. “E já há identificação pelos climatologistas de que este ano teremos, também, uma grande estiagem na Amazônia”, continua.

O Pantanal é ameaçado pelos incêndios provocados pela ação humana, por raios e pelo chamado fogo de turfa. “Mesmo com as chuvas, não se consegue apagar o fogo nas regiões mais remotas”, diz ela.

“No Pantanal já existem 400 focos de calor. Quando chega o período dos incêndios, os focos somam 20 mil ou 30 mil. Estamos agindo no começo do processo para ver se conseguimos fazer frente ao que já sabemos que irá acontecer”, diz ela.

“O nosso trabalho já vem sendo feito com brigadistas no Pantanal, mas é preciso mobilizar equipamentos públicos que vão além do que já temos porque vamos viver uma situação atípica. Provavelmente será criado um espaço interagência no Mato Grosso ou no Mato Grosso do Sul, para ter ali uma base de operação dos diferentes entes do governo, principalmente para os que vão para a linha de frente”, continua. Haverá suporte logístico da Defesa. Na segunda-feira “as equipes irão levantar o que é preciso, em equipamentos a serem mobilizados e recursos que fiquem de prontidão”, diz.

No Pantanal “é preciso colocar 50 pessoas ou 60 pessoas ou 100 pessoas na linha de fogo. Precisamos de aeronaves para levar as equipes, água e alimentos. Ter barracas de campanha para os alojamentos dos brigadistas que precisam de um lugar para descansar e estar seguros, e para que ocorra o revezamento dos turnos. É uma atividade extenuante. Precisamos também ter suporte de equipamentos. No Pantanal são áreas remotas, não tem como ir de barco, nem de estrada. Tem que descer de helicóptero”, explica.

O Brasil vem sendo impactado pela mudança do clima e mais a ocorrência do El Niño e La Niña, um na sequência do outro. “Não estamos tendo sequer um intervalo”, diz Marina Silva.


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