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Economia

Brasileiro trabalha 149 dias para pagar imposto; classe média paga mais, mostra estudo

A carga tributária aumentou levemente no último ano. Passou de 40,28% para 40,71%, o que resultou em dois dias a mais de trabalho para pagar os impostos.

O brasileiro terá que trabalhar, em média, 149 dias apenas para pagar seus tributos em 2024, segundo estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). Isso significa que, em dias corridos, o brasileiro trabalhou até 28 de maio apenas para pagar seus impostos sobre consumo, patrimônio e renda, que soma a carga tributária de 40,71%.

Dois dias a mais

A carga tributária aumentou levemente no último ano. Passou de 40,28% para 40,71%, o que resultou em dois dias a mais de trabalho para pagar os impostos, já considerando o ano bissexto, mas retomou o mesmo patamar obtido em 2021 e 2022.

“Tivemos aumento das alíquotas de ICMS na maioria dos estados do Brasil para compensar ‘perdas’ na arrecadação. Isso refletiu no aumento dos dias no cálculo”, diz João Eloi Olenike, presidente-executivo e um dos autores do estudo

Nos últimos anos, os resultados foram:

  • 2024: 149 dias
  • 2023: 147 dias
  • 2022: 149 dias
  • 2021: 149 dias
  • 2020: 151 dias
  • 2019: 153 dias

Classe média paga mais

Para chegar à média, o IBPT levou em consideração três faixas de renda e suas crescentes alíquotas respectivas. São elas:

Até R$ 3.000: carga tributária de 38,63%, 141 dias de trabalho para pagar (até 20 de maio)
Entre R$ 3.000 e R$ 10.000: carga tributária de 42,47%, 155 dias de trabalho (até 3 de junho)
Acima de R$ 10.000: carga tributária de 40,55%, 148 dias de trabalho (até 27 de maio).

“A classe média, que tem renda bruta média mensal entre os R$ 3.000 e R$ 10 mil, é a que mais paga impostos, segundo o estudo. Olenike explica que isso se deve devido a dois fatores.

O primeiro é que a tributação do imposto de renda progride até chegar no teto de 27,5%. “Ou seja, quem ganha R$ 5.000 está na mesma faixa de imposto de quem ganha R$ 50 mil. Essa é uma injustiça que existe nesse sentido. Ou seja, no Brasil, a tributação é progressiva até certo ponto”, diz.

O segundo fator diz respeito à regressividade da principal tributação sobre o consumo, o ICMS. “Todos os brasileiros pagam a mesma carga tributária sobre o consumo, mas os que ganham mais acabam proporcionalmente pagando menos, em virtude da sua possibilidade de pagar mais”, explica o presidente do instituto.”

Ou seja, a faixa de renda mais baixa é favorecida por alíquotas menores do IR e as mais altas, pela regressividade do ICMS. No fim do dia, aqueles no meio “se prejudicam” de ambos os lados.

Como o cálculo é feito?

No estudo, o instituto soma a carga tributária dos impostos sobre o rendimento, consumo e patrimônio. Depois, calcula quanto tempo o brasileiro precisa trabalhar para pagá-los, levando em consideração a média entre três faixas de renda.

Os tributos considerados no estudo são:

Renda (15,02%): Imposto de Renda de Pessoa Física e contribuição ao INSS;
Patrimônio (3,02%): Imposto de transmissão causa mortis e doação (ITCMD), Imposto sobre a transmissão de bens imóveis (ITBI), Imposto sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA) e Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU);
Consumo (22,67%): PIS/COFINS, Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS).

Porém, essa conta a pagar pode ser ainda maior. Olenike diz que o cálculo não leva em consideração taxas variáveis, como tributações de serviços públicos e documentação, como taxas de coleta de lixo, limpeza e alvarás.


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