Amazonas
Hospital público de Manaus não conserta máquina de cateterismo e cardiopatas esperam meses por exames, informa site
O hospital do governo do estado é referência no tratamento de doenças do coração, no Amazonas
As duas máquinas de cateterismo da Fundação Hospital do Coração Francisca Mendes (FHCFM), em Manaus, estão paradas. A denúncia foi feita por pacientes que estão há meses sem realizar exames e procedimentos cardíacos na unidade, que é referência para o tratamento no estado. As informações são do site g1 Amazonas.
Em resposta ao g1, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que os pacientes que necessitam realizar o exame de hemodinâmica, que é o responsável por procedimentos como cateterismo, estão sendo encaminhados para a clínica Angiofisio, para realização do procedimento, via Complexo Regulador do Estado.
O secretário executivo adjunto da SES, Leandro Pimentel, também ressaltou que o órgão possui contrato vigente com a rede privada para complementar a oferta de serviços que envolvem procedimentos hemodinâmicos durante a manutenção das máquinas no FHCFM.
“O serviço privado foi potencializado com a ampliação da oferta, não deixando de realizar o procedimento de diagnóstico e tratamento”, disse.
No entanto, pacientes ouvidos pela reportagem relataram que há meses buscam pelo tratamento, mas não recebem nenhum tipo de assistência na rede privada.
Pimentel pontuou que a manutenção das máquinas já iniciaram e em breve o serviço será normalizado. Ele informou, ainda, que Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV), administrado pelo Governo Federal, possui uma máquina de hemodinâmica que está em processo de habilitação e a SES vem buscando parceria para que o serviço seja implantado com todo suporte necessário.
Há três meses esperando um cateterismo
O industriário Alberto dos Santos contou que está desde agosto esperando para fazer um cateterismo, procedimento que ajuda a diagnosticar possíveis lesões nas artérias coronárias do paciente. Ele disse que chegou a fazer todos os exames necessários para o procedimento, mas logo em seguida foi informado que a máquina está quebrada.
“Desde agosto eu estou na fila, meu exame foi aprovado em setembro e eu estou na fila sem saber o que vai acontecer. Isso revolta, porque é o nosso dinheiro, né? São os meus impostos e quando eu preciso de uma contraprestação do estado, eu não tenho. Vão esperar eu morrer pra resolverem o problema?”, informou.
Ainda segundo o industriário, ao procurar o hospital, ninguém soube informar quando a máquina que faz o procedimento seria consertada.
“Ninguém fala nada, ninguém faz nada. Informaram que a peça que estava quebrada viria da Alemanha, mas não deram prazo. Eu ainda estou em uma situação melhor, mas a médica disse que eu precisava fazer isso com certa pressa, mas até agora nada. Duas máquinas lá e nada”, disse.
A preocupação de Alberto aumenta quando ele pensa na família. O industriário mora com a mulher e disse que é o único mantenedor da casa. Mas com o problema de saúde, ele teme que o casal passe dificuldades financeiras e inclusive já planeja fazer o exame na rede particular.
“A médica até me disse que eu poderia me encostar pelo INSS, mas isso é complicado, porque se eu me afastar, vou ficar sem receber. Quem vai me pagar? Eu preciso pagar as contas e manter a casa. Estou tentando fazer particular, mas é um exame caro e eu não tenho condições de arcar “, afirmou.
Risco de morte súbita
A administradora Débora Paiva vive o mesmo drama. O filho dela, Alexandre Fernandes, de 18 anos, é um dos pacientes que aguardam Ablação, um procedimento para o tratamento de arritmias cardíacas. O quadro dele é considerado extremamente grave e há risco de morte súbita.
No entanto, o jovem, que espera desde maio a realização do exame, segue sem definição sobre quando irá conseguir realizar o procedimento.
“É uma indefinição muito grande. Eles falam que faltam insumos, materiais e com isso não dá para fazer o exame. Mas ele está correndo risco de morte, porque o coração acelera e precisa do procedimento para resolver isso”, falou.
A administradora falou que chegou a ser chamada para uma reunião na unidade no início do mês, mas saiu do encontro sem uma perspectiva de quando o problema do filho e de outras centenas de pacientes será resolvido.
“Me dói ver esse descaso. Além disso, tem a falta de informação e essa falta de informação mata. Se você não pressionar, se você não falar firme, você morre na fila”, afirmou.
A passadeira Raimunda Conceição, de 65 anos, também sofre com a situação. Ela está na fila à espera de um cateterismo e contou que já pensou em desistir de fazer o procedimento.
“Eu não tenho nem palavras para dizer o que estou sentindo, o que estou passando. Já falei para o meu filho que eu queria desistir, porque é uma luta muito grande e eu já não aguento mais. Se não fosse a mão de Deus que me sustenta, eu já teria me entregado”, finalizou.
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