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Cientistas da União Europeia dizem que 2023 deve ser o ano mais quente em 125 mil anos
O ano mais quente já registado é 2016 – outro ano de El Niño – embora 2023 esteja em vias de ultrapassar esse número.
2023 deverá ser o mais quente do mundo em 125 mil anos, disseram cientistas da União Europeia nesta quarta-feira (8), após dados mostrarem que o mês passado foi o outubro mais quente já registrado.
O mês passado excedeu a temperatura média anterior mais alta de outubro, de 2019, em 0,4ºC , disse a vice-diretora do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S) da UE, Samantha Burgess, descrevendo a temperatura como “muito extrema”.
Isso tornou 2023 “virtualmente certo” como o ano mais quente já registado, afirmou o C3S num comunicado.
O calor é o resultado das contínuas emissões de gases com efeito de estufa resultantes da queima de combustíveis fósseis, combinadas com o aparecimento do padrão climático natural El Niño, que aquece as águas superficiais no leste do Oceano Pacífico.
O ano mais quente já registado é 2016 – outro ano de El Niño – embora 2023 esteja em vias de ultrapassar esse número.
“Quando combinamos os nossos dados com os do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), podemos dizer que este é o ano mais quente dos últimos 125 mil anos”, disse Burgess.
Os dados de longo prazo do painel de ciência climática da ONU e do IPCC incluem leituras de fontes como núcleos de gelo, anéis de árvores e depósitos de corais.
As alterações climáticas alimentam extremos cada vez mais destrutivos. Em 2023, isso inclui inundações que mataram milhares de pessoas na Líbia, fortes ondas de calor na América do Sul e a pior temporada de incêndios florestais já registada no Canadá.
Globalmente, a temperatura média do ar à superfície em outubro de 15,3ºC, foi 1,7ºC mais quente do que a média de outubro de 1850-1900, que Copérnico define como o período pré-industrial.
O único outro mês que quebrou o recorde de temperatura por uma margem tão grande foi setembro de 2023.
“Setembro realmente nos surpreendeu”, disse Burgess. “Portanto, depois do mês passado, é difícil determinar se estamos em um novo estado climático. Mas agora os registos continuam caindo e estão surpreendendo menos do que há um mês.”
Efeito El Niño
A combinação das alterações climáticas causadas pelo homem e do El Niño que ocorre naturalmente alimenta preocupações de que mais destruição provocada pelo calor está por vir – incluindo na Austrália, que se prepara para uma temporada severa de incêndios florestais em meio a condições quentes e secas.
O atual padrão climático El Niño deve durar pelo menos até abril de 2024, disse a Organização Meteorológica Mundial nesta quarta.
“A maioria dos anos do El Niño são agora recordes porque o calor global extra do fenômeno contribui para o aumento constante do aquecimento causado pelo homem”, disse Micha el Mann, cientista climático da Universidade da Pensilvânia.
As descobertas dos cientistas vieram a tona três semanas antes de os governos se reunirem em Dubai para as negociações climáticas da ONU deste ano, conhecidas como COP28. Lá, quase 200 países negociarão ações mais fortes para combater as alterações climáticas.
Uma questão central na COP28 será se os governos concordam – pela primeira vez – em eliminar gradualmente a queima de combustíveis fósseis que emitem dióxido de carbono.
De acordo com os atuais planos dos produtores de combustíveis fósseis para extrair carvão, petróleo e gás, até 2030 a produção global seria mais do dobro dos níveis considerados consistentes com o cumprimento dos objetivos globalmente acordados para limitar as alterações climáticas, as Nações Unidas e pesquisadores disseram em um relatório.
Apesar de os países estabelecerem metas cada vez mais ambiciosas para reduzir gradualmente as emissões, até agora isso não aconteceu. As emissões globais de CO2 atingiram um nível recorde em 2022.
“Não devemos permitir que as inundações devastadoras, os incêndios florestais, as tempestades e as ondas de calor registadas este ano se tornem a nova normalidade”, afirmou Piers Forster, cientista climático da Universidade de Leeds.
“Ao reduzir rapidamente as emissões de gases com efeito de estufa durante a próxima década, poderemos reduzir para metade a taxa de aquecimento”, acrescentou.
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