Conecte-se conosco

Amazonas

Laudo do SGB recomenda atualização das áreas de risco geológico em Beruri, no Amazonas

O Serviço Geológico do Brasil (SGB) aponta que a falta de saneamento na comunidade rural, com o lançamento constante de dejetos no solo, pode ter contribuído para deslizamento de terra.

Comunidade inteira desapareceu após o deslizamento do barranco. (Foto:Reprodução)

Um laudo do Serviço Geológico do Brasil (SGB) divulgado nesta quinta-feira (26) recomendou, entre outras medidas, a atualização do mapeamento das áreas de risco geológico em todo o município de Beruri. A recomendação ocorre após o deslizamento do barranco de uma comunidade rural, na noite do dia 30 de setembro, que resultou na morte de 2 pessoas, 3 desaparecidas , mais de 50 feridos e a destruição de 44 casas, três igrejas, uma Unidade Básica de Saúde, uma escola e um centro comunitário.

As informações iniciais indicam que o deslizamento é resultado do fenômeno de “terras caídas”, que ocorrem quando a água atua sobre as margens dos rios, causando erosão e abrindo extensas “cavernas subterrâneas”, até que uma ruptura provoque queda do terreno em sequência, numa grande extensão.

Falta de saneamento

No entanto, após a análise técnica, o laudo informa que “fatores naturais e antropogênicos” podem ter contribuído para a tragédia.  A documento destaca que além do processo conhecido como terras caídas, a erosão pode ter sido potencializada por atividades humanas, como a falta de um sistema de saneamento básico.

“As casas não possuíam sistema de água e esgoto adequados, possuíam fossas do tipo sumidouro ou mesmo com lançamento da água servida diretamente no talude, que contribuem para a saturação do solo em água. Testemunhas relataram que na comunidade existiam dois poços tubulares para captação de água potável”, informa o laudo. Os técnicos complementam com a recomendação de implantação de medidas de saneamento básico na área.

O documento informa ainda que “com o lançamento dos dejetos de qualquer jeito, pode ter ocorrido um “encharque do solo” e um rebaixamento do lençol freático. Consequentemente as camadas profundas podem ter experimentado um aumento das tensões efetivas, devido ao peso do solo sobrejacente. Entretanto, são necessários estudos mais aprofundados para confirmar tal possibilidade”, apontou o SGB.

Reassentamento de moradores

O laudo do SGB recomenda também a possibilidade de remoção e reassentamento dos moradores que habitam em residências inseridas nos setores de risco muito alto, principalmente em período de variação extrema do nível do rio, secas e cheias; e o desenvolvimento estudos de adequação do sistema de drenagem pluvial e esgoto.

Tragédia ‘anunciada’

Ainda no laudo, o SGB apontou que antes da tragédia, o solo já apresentava sinais do evento: “portas e janelas que funcionavam normalmente passando a emperrar, além de rachaduras nas construções de alvenaria e trincas no solo, indicando que a movimentação iniciou de forma gradual”.

Novos riscos

No documento, o órgão também apontou que a comunidade pode ficar ainda mais vulnerável a novas tragédias: “Este fato faz com que os imóveis localizados nas áreas adjacentes à cicatriz do evento estejam submetidos ao risco de serem afetados por desestabilizações futuras”.

“O evento em questão provocou a exposição de um espesso pacote de solo que naturalmente ficará vulnerável a fenômenos erosivos e movimentos gravitacionais de massa, como os deslizamentos, os quais se acentuam especialmente durante as temporadas chuvosas”.


Clique para comentar

Faça um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

um × 2 =