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Economia

Bolsa Família completa 20 anos nesta sexta-feira: veja o impacto do programa para a economia

Um estudo conduzido pelo Banco Mundial mostrou que o Bolsa Família impacta não só seus beneficiários, mas também a economia local.

Assim que recebe o seu benefício do Bolsa Família, Imara Souza de Abraão, de 29 anos, sai às compras e leva para casa material escolar para seus sete filhos, além de cesta básica e roupas. Moradora de Maués (AM), Imara recebe R$ 1.800 do programa, que completa 20 anos nesta sexta-feira (dia 20).

— Com o dinheiro eu já compro a cesta básica, compro as coisas que as crianças estão precisando para a escola, calçados, roupas, merenda — contou.

Um estudo conduzido pelo Banco Mundial mostrou que o Bolsa Família impacta não só seus beneficiários, mas também a economia local, causando resultados positivos, por exemplo, no consumo, na geração de empregos, no número de contas bancárias e na arrecadação de impostos. De acordo com a pesquisa, a cada US$ 1 investido, o programa devolve US$ 2,16 para a comunidade local.

O presidente Lula participa hoje pela manhã, por videoconferência, de um evento para comemorar o programa. Será a primeira aparição em vídeo do presidente desde que ele fez a cirurgia no fêmur e nas pálpebras no fim do mês passado.

Relançado em março pelo governo federal, o novo formato do programa estipula que cada família receberá, no mínimo, R$ 600. Com isso, seguindo a conclusão do estudo, cada família beneficiada devolveria, no mínimo, R$ 1.296 para a economia local.

Imara, no interior do Amazonas, contribui com, aproximadamente, R$ 3,8 mil para a economia da sua cidade. Até setembro, o governo federal já gastou mais de R$ 99,9 bilhões no programa e beneficiou 21,45 milhões de famílias brasileiras.

Crescimento de empregos

Joana Silva, economista sênior do Banco Mundial e uma das autoras do estudo, aponta que parte do retorno gerado pelos investimentos no Bolsa Família vão para pessoas que não são beneficiárias do programa, ou seja, não recebem a transferência de recursos.

— A maior parte dos empregos gerados foram para não beneficiários do programa. São efeitos que a gente não previa, que não são obrigatórios, mas aconteceram. A questão é que o programa também impacta a economia local como um todo e as pessoas que não são pobres — aponta Joana, que assina o estudo com outros dois pesquisadores, Francisco Gerard (Queen Mary, University of London) e Joana Naritomi (London School of Economics).

O crescimento de empregos tem relação direta com o maior poder de consumo dos beneficiários. Uma das explicações apresentadas na pesquisa é que a maior procura pela economia local aumenta a necessidade por mão de obra. Além disso, a pesquisa mostrou que 54% do consumo das famílias foi em serviços, e dois terços em lojas formais. O estudo mostra ainda um aumento nos PIBs locais em 1,7% e de 2,7% na arrecadação de impostos em 2011.

— As pessoas mais pobres consomem boa parte do dinheiro recebido, e, com isso, é normal que a economia cresça porque elas vão gastar esse dinheiro. Esse dinheiro acaba na economia de novo, elas gastam na economia, elas gastam em consumo — aponta Joana.

Ex-beneficiário do Bolsa Família, Cleiton Pereira, de 38 anos, é atualmente coordenador do programa no município de Cacimbinhas (AL). Antes, atuou por 13 anos como coordenador em Minador do Negrão (AL), sua cidade natal. Nesse período, trabalhou para devolver os recursos investidos para a economia local da cidade.

Recomendações de melhoria

— A comunidade tem mercadinhos, açougues, abatedores. Eu procurava como coordenador fazer com que as famílias gastassem os recursos no próprio município — contou.

Apesar dos resultados positivos na economia local e para seus beneficiários diretos, o Banco Mundial também apontou recomendações para a melhoria do programa.

No documento intitulado “Novo Bolsa Família: desafios e oportunidades para 2023”, a finalização da Reforma Tributária, que ainda aguarda votação no Senado, aparece como uma das prioridades. Junto dela, aparece também o Novo Regime Fiscal, sancionado em agosto.

O Banco Mundial aponta, ainda, a necessidade de criar um espaço para programas complementares ao Bolsa Família, como os relacionados à primeira infância e a assistência a idosos, além de estar conectado com serviços prestados por outros ministérios, especialmente os ligados ao emprego, saúde e educação.

Há, ainda, recomendações para reforçar o orçamento da assistência social e reavaliar a frequência do reajuste do benefício, com um intervalo máximo de dois anos.


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