Brasil
Conflito Israel X Hamas reacende polarização digital e direita consegue recuperar espaço, diz estudo da FGV
Levantamento em quase 800 mil posts nas redes sociais durante o conflito revela que esquerda não consegue participar do debate digital.
A guerra entre Israel e o Hamas reacendeu a polarização política brasileira e deu novo folego à direita e aos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. É o que mostra estudo da FGV Comunicação Rio que analisou quase 800 mil posts do debate sobre o conflito no X, no Facebook e no Instagram, de 7 a 10 de outubro.
Os dados mostram ampla superioridade da direita no predomínio do debate em todos os meios, inclusive na política: parlamentares deste espectro tiveram engajamento 871% maior que os da esquerda nos primeiros dias do conflito.
Nos primeiros dias, a repercussão do conflito foi bastante crítica ao lado palestino, caracterizado como terrorista nas redes. A direita conseguiu associar o Hamas a Lula dentro de sua bolha, segundo o estudo da FGV.
Há uma forte politização do conflito, com uso de “tom religioso e conservador, mobilizando páginas cristãs e perfis de pastores”. O mapeamento da FGV não conseguiu encontrar postagens de destaque de pessoas da esquerda.
“Nos primeiros oito meses de governo Lula, a direita ficou meio perdida digitalmente, sobretudo desde o 8 de janeiro. O Bolsonaro ficou menos ativo nas redes. Agora, há uma disputa de narrativa pronta, uma vez que o ex-presidente e seus apoiadores já tinham uma relação importante com Israel”, avalia o professor da FGV Comunicação Rio Victor Piaia.
Segundo ele, o predomínio da direita no debate se dá por um padrão de engajamento: os ataques do Hamas são condenados pela esquerda e pela direita, mas os representantes da direita fazem uma cobrança aos da esquerda – que não consegue disputar a guerra de narrativa das redes.
Para se ter uma ideia, os três primeiros dias de conflito tiveram amplo protagonismo de parlamentares de direita: foram 338 postagens em Facebook, Twitter e Instagram contra apenas 23 de políticos de esquerda.
“O tom adotado também se difere bastante. Se, por um lado, a direita assume uma postura mais combativa, politizando o conflito e atacando diretamente Lula e o PT; por outro, a esquerda procura se afastar desse debate, assumindo um tom mais ameno e institucional, seja publicando notas de repúdio à violência”, diz o estudo da FGV.
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